Título: O Anticristo
Autor: Nietzsche
O Anticristo é uma das obras-chave para compreender a filosofia de Nietzsche e os próprios métodos empregados pelo filósofo na genealogia da moral cristã.
Contudo, quando interpretada de forma errônea; geralmente provida de uma leitura massificada da obra nietzscheana (e sua consequente simplificação); acaba por distorcer a filosofia que embasa o autor. Nietzsche busca não só criticar o cristianismo visando superá-lo, mas como também superar o sistema filosófico platônico, e com isso, toda a filosofia ocidental.
Sua crítica parte da “ética” por trás dos valores cristãos, que valorizam aquilo que não permite o crescimento da vontade de potência do homem e de sua afirmação enquanto ser no mundo.
O autor vai além: o cristianismo, o platonismo e toda a filosofia ocidental existem para travar o crescimento da vontade de potência do forte – a única arma dos fracos contra os fortes é a valorização do primeiro contra o segundo. Escrito em 1888, um ano antes de seu colapso mental, a obra sofreu diversas alterações e supressões das passagens mais ferozes, visando, através da falha tentativa de domesticação da filosofia nietzscheana, fins comerciais. O original foi reeditado em 1956. O Anticristo faz parte de sua segunda fase de escritos – os escritos “negativos” – os da destruição. “Der Antichrist” pode ser traduzido ao português mais como “o anti-cristão” – um nome que faz oposição aos fracos – do que o título generalizado no Brasil, que parece fazer oposição à “criatura inofensiva” que era Cristo, buscando referência nos textos do Apocalipse.
Assim, o caráter da negatividade – que se dá através do embate contra o cristianismo – não termina em uma recusa pura e simples da moral dos fracos: ela propõe, ao mesmo tempo, uma nova – uma moral dos fortes, dos aristocratas, dos dominadores. Seu último capítulo (Lei contra o cristianismo) visa inaugurar uma nova fase da humanidade.