Título: Medicina dos Horrores
Em medicina dos horrores, o médico Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo da cirurgia do século XIX, que estava às vésperas de uma profunda transformação. A autora evoca os primeiros anfiteatros de operações — lugares abafados onde os procedimentos eram feitos diante de plateias lotadas — e cirurgiões pioneiros, cujo ofício era saudado não pela precisão, mas pela velocidade e pela força bruta, uma vez que não havia anestesia. Não à toa, os mais célebres cirurgiões da época eram capazes de amputar uma perna em menos de trinta segundos. Trabalhando sem luvas e sem qualquer cuidado com a higiene básica, esses profissionais, alheios à existência de micro-organismos, ficavam perplexos com as infecções pós-operatórias, o que mantinha as taxas de mortalidade implacavelmente elevadas. É nesse cenário, em que se considerava mais provável um homem sobreviver à guerra do que ao hospital, que emerge a figura de Joseph Lister, um jovem médico que desvendaria esse enigma mortal e mudaria o curso da história.
"...A cirurgia está prestes a começar em um anfiteatro lotado de expectadores. São estudantes de medicina ou profissionais da área presentes para assistir a uma intervenção cirúrgica tal qual um evento teatral. Não existe anestesia e o clima de sujeira e pouca preocupação com limpeza de instrumentos é tão comum quanto respirar. Respirar, aliás, um ar fétido. O cirurgião não lava as mãos e o sangue do paciente se mistura a manchas, em seu jaleco, de operações passadas. Poderia muito bem ser uma cena digna de um suspense de terror se não fosse a realidade. Estamos em meados do ano de 1850 na Inglaterra da Rainha Vitória e uma cirurgia significa, sem exageros, um passo mais rápido para a morte".
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