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Livro: Ensaio Sobre a Cegueira
 

O escritor, por ocasião da apresentação pública do seu livro Ensaio Sobre a Cegueira, disse: “Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é necessário termos coragem para o reconhecer”.

No livro Ensaio Sobre a Cegueira, José Saramago, utiliza uma descrição fluida, misturando o discurso direto com o indireto, dispensando recursos como parágrafo, travessão e aspas. O discurso direto fica entre vírgulas e para não confundir muito o leitor, o autor usa letras maiúsculas para o diferenciar do indireto. O resultado, são frases demasiado longas, que se tornam numa escrita confusa e que, inicialmente até podem parecer difíceis, mas essa dificuldade desaparece com o decorrer da leitura.
“Um motorista parado no semáforo, subitamente descobre que está cego”. Começa desta forma a história de uma epidemia de cegueira que ninguém sabe explicar. Isso transforma a cidade num caos, com pessoas isoladas e abandonadas à própria sorte.


Os personagens do livro “Ensaio Sobre a Cegueira”,não possuem nomes, apenas lhe são atribuídas características físicas superficiais como: a mulher do médico, o rapazinho estrábico, a rapariga de óculos, o cego da pistola, o cego que escreve em braile, o ladrão, os soldados, a velha do primeiro andar, o cão de lágrimas… A epidemia de cegueira como crítica ao capitalismo!!

O “Ensaio Sobre a Cegueira”, não é um livro sobre uma doença de origem biológica, nem tão pouco se trata de castigo divino. Num determinado trecho, através da “mulher do médico, José Saramago mostra o que pode significar a cegueira: “a mulher do médico compreendeu que não tinha qualquer sentido, se o havia tido alguma vez, continuar com o fingimento de ser cega, está visto que aqui já ninguém se pode salvar, a cegueira também é isso, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.”


Quem vê, é quem percebe a crueldade do capitalismo e não aceita viver nesse mundo sem esperança. Já os cegos transformam-se, virando-se uns contra os outros, acabando por mostrar as faces mais sombrias do ser humano. A cidade vai se transformando num caos de destruição humana, onde cada cego luta pela sua sobrevivência, entregando-se de tal forma ao desespero que acabam por abandonar qualquer traço de humanidade.


No trecho do livro “Ensaio Sobre a Cegueira” transcrito abaixo Saramago usa a figura da mulher do médico e do velho ditado “O pior cego é aquele que não quer ver”: “Abramos os olhos, Não podemos, estamos cegos, disse o médico, É uma grande verdade a que diz que o pior cego foi aquele que não quis ver, Mas eu quero ver, disse a rapariga dos óculos escuros, Não será por isso que verás, a única diferença era que deixarias de ser a pior cega”.


Na visão de José Saramago, o ser humano, moralmente e culturalmente é selvagem, egoísta e dominado por apetites bárbaros. Saramago pretende demonstrar com o livro “Ensaio Sobre a Cegueira” que o ser humano, bárbaro e animalesco, precisa de ser controlado, os seus apetites precisam ser domados e precisa da ordem e da justiça social que apenas o comunismo pode garantir.
José Saramago recusou dezenas de vezes ceder os direitos de autor para que o seu livro, Ensaio Sobre a Cegueira, fosse adaptado ao cinema. Mas depois de muita persistência, em 13 de novembro de 2008 o filme chegou às salas de cinema portuguesas, sob a realização do brasileiro Fernando Meirelles. O filme conta com Julianne Moore e Gael García Bernal como protagonistas.

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